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domingo, 3 de outubro de 2010

O Fotógrafo - autores: Guibert - Lefèvre - Lemercier

Por Caio Ferraro 

Em 1986, durante a invasão soviética, Didier Lefèvre acompanhou uma missão humanitária da Médico sem Fronteiras e mesmo sem saber exatamente o que lhe levou a isso, utilizou sua habilidade como fotógrafo para registrar toda a saga,  com a ajuda e os desenhos de Emmanuel Guibert, nos conta nesse albúm que há um Afeganistão diferente dos estereótipos habituais.Uma mistura entre as fotos de Lefèvre e suas histórias, complementadas pelos desenhos de Guibert e as cores de Lemercier. 

Abri esse livro e logo na apresentação encontrei amparo para os argumentos superficiais da última página do post anterior. O intervencionismo internacional volta brevemente à pauta e Simone Rocha (autora da apresentação) será citada para esclarecer as minhas confusas idéias.


"(...) Muito se passou nesses 20 anos que separam as primeiras fotos deste trabalho e o Afeganistão da atualidade: expulsão das tropas soviéticas, conflitosentre os senhores da guerra, ascensão e queda do regime Talibã, invasão das tropas do "eixo do bem", eleições. Curiosamente, quase nada mudou no país: o povo continua desprovido do que há de mais básico, o poder e a riqueza continuam nas mãos dos mesmos homens e suas famílias, o Ocidente mantém sua influência interessada e hipócrita, milhões continuam sendo gastos para lutar contra insurgências enquanto migalhas vão para a ajuda ao desenvolvimento. De fato, entre as fotos de Lefèvre, de 1986, e a vida de hoje no Afeganistão, não se pode apontar muitos avanços. Ao contrário as sucessivas guerras e invasões das últimas décadas tornaram ainda mais árduo o cotidiano dos afegãos.
Pouco se sabe no Ocidente sobre a vida do cidadão comum no Afeganistão. E o pouco que se sabe é frequentemente o reflexo de estereótipos maniqueístas e propagandistas. Por isso a importância de obras como esta, que mostram que, por trás de rótulos fabricados por chefes de estado de países distantes, há indivíduos, com rostos, nomes, aspirações e medos. Diante do reducionismo obstinado da imprensa ocidental para com o povo afegão, esta obra dá ao leitor a possibilidade de percorrer, com realismo e bom-humor, um Afeganistão ignorado e esquecido e conhecer mais sobre um povo extremamente hospitaleiro, generoso e visivelmente marcado por décadas, para não dizer séculos de invasões, conflitos  perdas. (...)"

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