Por Caio Ferraro
DIA MUNDIAL DE COMBATE À
AIDS
O Incrível HULK - 164 (fevereiro/1997)
Essa edição é deveras especial. Vou reproduzir parte da introdução, para entendermos o contexto em que a história é publicada:
"Infectado pelo vírus HIV, um velho amigo do Hulk - Jim Wilson (...) - vê-se desenganado pela doença, deixando o Golias Esmeralda diante de uma difícil decisão moral. Abordando temas como o preconceito, os tabus, e medos que cercam a AIDS, a edição funciona como um grito de alerta a respeito da doença..."
Se ainda hoje há relutância na abordagem do tema, imagine o choque em 1994 - ano da edição original. A primeira tirinha é de autoria de Carlos Ruas - Um Sábado Qualquer e merece uma longa reflexão antes de ser utilizada em sala de aula, afinal controlar um debate que coloca em voga os princípios da Igreja Católica não é tarefa simples.
Proposta Página 1 - Debate Livre: qual a reação deles diante da notificação de que um colega é soropositivo? Vocês sabem quais são as formas de transmissão? Durante a discussão é possível interpelar com trechos da música "Informação é a Luz" - Facção Central:
A informação á a peça-chave do sexo seguro
Do lado de dentro (pow), do lado de fora dos muros
É quente o ditado: quem vê cara não vê coração
Qualquer relação sem proteção há risco de contaminação
Nunca pense que acontece com os outros e não com você
Sem camisinha ninguém tá imune ao HIV ou DST
Chegou a hora do sexo, a hora H
Siga a regra um: preservativo não pode faltar
Não abra a embalagem com os dentes
Com a mão a parte serrilhada abre facilmente
Depois de aberto olha o lado correto
Aperta o bico, o ar tá aí, esse é o método
Não é só no sexo que o HIV é transmitido
Agulha sem esterilização é prato cheio pro perigo
Compartilhar a mesma seringa pra se drogar é loucura
É o mesmo que fazer roleta-russa
Consciência também na hora de se tatuar
Durante a gravidez o nenê pode ser infectado
Pelo leite da mãe, pelo parto
Mulher grávida com vírus dá a luz à filho saudável
Fazendo os testes, tomando os remédios e os devidos cuidados
Não se pega AIDS com talher ou mesmo prato
Nem com picada de pernilongo, pulga ou carrapato
O HIV só vive no corpo, não tá no ar nem na água
Não passa na piscina, no espirro nem na lágrima
Mais doloroso do que ser portador da doença
É ser vítima do preconceito e da indiferença
Proposta Página 2 - Aula Expositiva e Debate Coordenado: a partir das dúvidas dos alunos acerca dos termos presentes na história, como por exemplo "Pneumocystis carinii", doença considerada um indicador diagnóstico de AIDS em pacientes infectados pelo HIV. É de suma importância essa explanação para que os alunos compreendam as diferenças entre ser soropositivo e o diagnóstico de AIDS. Recomendo a leitura do editorial de Sérgio Menna Barreto no Jornal de Pneumologia. Ao fim da página o HULK discuti a possibilidade de utilizar uma droga experimental em Jim, o que é negado pela doutora. O que os alunos acham da utilização de drogas experimentais em seres vivos?
Proposta Página 3 - Debate Coordenado: Quais são os grupos de risco, ou mais propensos a serem infectados pelo HIV? Qual a razão da fala da personagem Heitor: "Cansei desse papo ' Gay ´igual a AIDS'..." ? Os alunos concordam com essa idéia? Ao prof. cabe o papel de guia do debate, expondo as incoerências do discurso comum, presente na história e na sociedade.
Concluiria a aula com o poeta Cazuza, para expor o impacto devastador do preconceito nas pessoas infectadas. Cazuza - Mal Nenhum:
Nem chamem o síndico
Nem chamem a polícia
Nem chamem o hospício, não
Eu não posso causar mal nenhum
A não ser a mim mesmo
A não ser a mim mesmo
A não ser a mim
contribuição:
http://e-camps.blogspot.com/
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